domingo, julho 18, 2010

Mudança de endereço

Talvez seja a ultima vez q to postando aqui. Acho mesmo que é. Passando pra desenterrar esse blog para avisar a algum passante desajeitado que tropeçe por essas letras que elas continuam no seguinte link:


http://coreseternizadas.blogspot.com/

Meu novo blog!
Para os antigos, até breve. Para os que não forem de "até breve", um "boa viagem"!


Keep moving!

segunda-feira, junho 22, 2009

Pode a noite descer



- Alô, iniludível:
O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com seus sortilégios)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa.

A mesa posta,Com cada coisa em seu lugar.


Manuel Bandeira

domingo, maio 24, 2009

O dia de hoje!




O dia de hoje!!

Que ao dia de hoje venha bênçãos,
Danações e merdas suas... que sejam
mergulhadas em diabos... que beijam
coisas feias em nossas... feias mãos

[Merda nenhuma de hoje
[Possa feder no amanhã


emmanuel R.

abril-2009

sábado, janeiro 03, 2009

Verso e reverso




Poesia faria, arrelia ao coração;
Faria bater depressa aqui, na minha
Mão triste, vazia, minha uma canção
Que outrora não tinha…

Faz nascer uma identidade brasão,
Assim andar novamente na certa linha;
Dela desviar e dessa forma então
Ser contradição só minha…



emmanuel rodrigues

3 de janeiro, 2009


segunda-feira, dezembro 22, 2008

Ser homem ou ser macho???




“Quero ver se é homem”, “diz que é homem”, “se não fizer isso, não é homem”, “tá parecendo um boiola”.


Desde fedelho, o homem perde décadas de sua vida comprovando sua masculinidade. Com os amigos da escola, dentro de casa, na rua com as meninas, na fase adulta com as mulheres e os amigos do trago.


Ele é testado todo momento. Na balada ou no churrasco. Na rua ou no estádio. Ser homem não é natural, é um condicionamento. Um exame infindável de testosterona intelectual. Uma provação incessante, que se inicia nas brigas infantis e não termina com a morte.


Quem já não teve uma mulher em sua história que gritou: “Você não é homem!”? Só para irmos lá e arrancarmos um beijo na boca. Não é triste ser submetido a um concurso público da própria condição?


Observe uma roda de amigos num bar. Haverá provocações de quem é mais macho no grupo. Piadas involuntárias, sempre colocando em dúvida a conduta sexual. Colegas se ofendem como uma forma de amizade.


É uma armadilha. Como o homem pode exercitar sua sensibilidade, obrigado a reiterar seu sexo eternamente? Ele passa maior parte de seus dias se defendendo. Confunde camaradagem com redundância. O que o transforma num IDIOTA, pois se repete e repete sem parar as insinuações coletivas. Como é possível manter as mesmas refregas do jardim de infância à universidade? O homem não ousa, não investe, não contraria o perfil pré-estabelecido para descobrir o que gosta e contar como gosta.


Dói ser homem, é cansativo ser homem. Sim, os homens têm facilidades: mijar de pé. Falei facilidades, retiro, o homem tem uma facilidade: mijar de pé. Ele é adestrado para ser influenciável e sofrer com as comparações. Será comparado ao pai, aos colegas, aos ex-namorados, aos sogros, aos filhos, aos ex-maridos, e, ultimamente, aos cachorros.


Ele não se regra pela intuição, ele se situa pelos outros. Batendo nos ombros, nas costas, exercendo os cumprimentos aos empurrões, ameaçando com indiretas e fiscalizando quem demonstra sair da linha. Homem vive denunciando seus iguais para não revelar seus segredos.


Homem é delator. Homem nunca está em si de tanto que espia e controla seus vizinhos.
Na escola, as conversas apenas giravam em peitos, bundas e buceta. JURO. Eu nem tinha condições de comentar alguma coisa. Minha experiência era quase nula. Avaliando bem, era nula. Das páginas médicas da Barsa. Mas era formado a tratar a trinca erótica com vulgaridade. Caso não soltasse um palavrão, não seria aceito.


Ser aceito e se aceitar são coisas bem diferentes. Na infância, meus amigos ou se reuniam para o futebol ou para comentar detalhes sórdidos. Eu não tinha o que acrescentar ao assunto. Demandava um tremendo esforço para não ser localizado como marica. O segundo grau seguiu a mesma sina. Amigos chegavam a ficar debaixo da cama enquanto casal de colegas transava. Claro, com o consentimento do cara, que enrolava a menina no discurso para não identificar os penetras. Logo a menina era classificada como piranha e o comedor, herói. Com pastelina e coca-cola, narrava o que ela aprontou ou deixou de aprontar.


Os homens aceitaram sua burrice. Reforçam seus preconceitos e fobias porque é complicado alterar a virilidade adquirida pela insistência vocabular.

A noção de que todo gay é promíscuo provém de uma teoria machista, porque os homens temem no raso e no fundo os próprios gays que são. Os gays não pensam sempre em sexo (os homens pensam muito mais). Ao pensar somente em sexo, empobrecemos o sexo. O gay tem a liberdade de dizer o que sente, o homem é obrigado a sentir o que dizem e esperam dele.

Além disso, os gays são mais fiéis do que os próprios homens. Quantos casais gays demonstram uma lealdade que não se encontra num par heterossexual? Lembrei de cinco casais amigos antes de completar a frase.

Aviso: esse é o nervo. A inteligência gay deixa espaço e disponibilidade para exercitar seus gostos. Por isso, os gays são melhores amigos das mulheres, tem um temperamento mais refinado, um humor mais espirituoso, um desembaraço invejável para dançar, chorar e se alegrar.

Gay não precisa demonstrar que é gay. Mulher não precisa demonstrar que é mulher.
O homem é treinado a pensar em sexo ou a pensar que é homem. Não sobra tempo para amadurecer. Ele terá que decidir entre se exaurir e se renovar.

Minha alma não é feminina, desculpe a decepção. Como se a sensibilidade unicamente fosse elogiosa sendo feminina. Se a sensibilidade é feminina é mais. Se a sensibilidade é masculina é menos.

Homem sofre, homem geme, homem erra, homem ama escandalosamente.

Minha alma é masculina, o que me faz sensível para não provar mais nada.


© Texto, by Fabrício Carpinejar

domingo, dezembro 21, 2008

Lembranças de felicidade

Ps1.: Não consegui pôr somente a
música, mas coloco aqui o vídeo.
Leiam o texto ouvindo a canção, tá ok? Enjoy!
Ps2.: Imagem do filme Meu Primeiro Amor

Lembranças de felicidade

E eu estava lembrando das coisinhas bonitas… Daquelas que tocam um fundo musical em nossa memória… Ah… Era tudo perfeito…

Lembra da escola? Eu lembro do jardim 1 e do jardim 2, isso foi em 93 ou 94, não sei ao certo. Era tão gostoso!! No jardim 2 eu tinha 4 anos. Dizia que tinha sido o melhor ano de minha vida. Eu lembro das nossas brincadeiras, das mesinhas pequenas e das cadeirinhas que setávamos. Eram verdes. Pequenas, mas tão grandes também para nossa idade. Não sabíamos que o Brasil estava mudando de moeda, ou que Collor tinha renunciado. Nada sabíamos de uma ditadura que tinha acabado. Só queriamos brincar. Brincar era só o que sabíamos.

Tia Janicleide, Tia Neudjane. Creio que foram a do jardim 1. Era tão bom… Sabe, as professoras nos diziam a nós meninos que havia uma bomba no banheiro das meninas, e se nos aproximássemos ela explodiria… A mesma coisa diziam às meninas no dos meninos. Era bem assustador. Na minha imaginação podia ver a porta do banheiro voando e meus amigos chorando.

“Piuí, tá-tá-tá; piuí, tá-tá-tá; piuí, tá-tá-tá… Não precisa empurrar…” Era assim que saíamos para o recreio, em fila, o trenzinho ia cruzando pernas gigantes e enormes de alunos de no máximo 12 ou 13 anos, mas que para nós eram grandes adultos.

“Rei, ladrão, polícia, capitão…” Esse é o fragmento de outra música que lembro. Ela adivinhava com quem você iria se casar. Lembro nitidamente de ter brincado uma vez e ter descoberto que ia me casar com uma “capitã”, outra vez com uma “ladrona”.

E as brincadeiras? Uma vez nosso colega estava com problemas de saúde, respiratórios. Lembro que nós brincamos na areia e fez poeira, daí a professora nos pôs para dentro da sala novamente. Outra vez brincávamos de esconde-esconde. Eu me achavao maioral da turma só porque tinha treinado em casa e conseguia contar até cem. E eu sempre ficava pra procurar, só pra dizer que sabia contar até cem.

Era bom… Que saudade que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais… Eu tinha muitos sonhos. Eram três principais, me lembro bem… Um era ser cantor, outro ser cientista, o outro não estou muito certo… Mas sei que existia, eu sabia sonhar. Foi algo que se perdeu através do tempo. Houve momentos que eles não existiam mais. Hoje voltam ao lar. Não mais ser cantor ou cientista, mas ser feliz, ser gente…

Quando penso em um dia ter família, ou de um dia terminar a faculdade e ir lecionar, ou de um dia ter um carro popular, sair com minha esposa e filhos ao parque, onde estarão outras crianças e amigos de longa data que reveremos, quando penso nisso sinto em mim a verdade de ser menino de novo. Não de ser rapaz, garoto, mas menino. Menino mesmo. Aquele que se arranha subindo em árvore, que se rala no chão com uma queda de bicicleta, que sonha ser seu herói predileto.

Sendo assim, idiota, visionário, bobo, “bobo alegre”, esquizofrênico até… não, não sou nada disso baby, sou um menino. Apenas um menino que fez a escolha de não crescer, de não crescer como os adultos fizeram. Eles se tornaram tristes. Esse menino quer sempre ser feliz. E ele o será. Creia nisso honey! Crê que sou uma pessoa, crê que sou menino. Você também pode. Vamos correr e andar de bicicleta pelos campos!! Depois podemos brincar com o cachorro, sujar a roupa… Então subir em árvores!! Que tal?? Ficaria muito feliz em partilhar aquelas tardes infindas com alguém. Vamos brincar??
Emmanuel Poësis
21/12/2008




“Nunca, Nunca, Nunca deixe alguém te dizer que aquilo que você
acredita é babaquice, que de repente o teu sonho não vai dar certo...”
(r. Russo)

O soldadinho de chumbo


O soldadinho de chumbo






(Hans Christian Andersen)

Numa loja de brinquedos havia uma caixa de papelão com vinte e cinco soldadinhos de chumbo, todos iguaizinhos, pois haviam sido feitos com o mesmo molde. Apenas um deles era perneta: como fora o último a ser fundido, faltou chumbo para completar a outra perna. Mas o soldadinho perneta logo aprendeu a ficar em pé sobre a única perna e não fazia feio ao lado dos irmãos.Esses soldadinhos de chumbo eram muito bonitos e elegantes, cada qual com seu fuzil ao ombro, a túnica escarlate, calça azul e uma bela pluma no chapéu. Além disso, tinham feições de soldados corajosos e cumpridores do dever.Os valorosos soldadinhos de chumbo aguardavam o momento em que passariam a pertencer a algum menino.Chegou o dia em que a caixa foi dada de presente de aniversário a um garoto. Foi o presente de que ele mais gostou: — Que lindos soldadinhos! — exclamou maravilhado. E os colocou enfileirados sobre a mesa, ao lado dos outros brinquedos. O soldadinho de uma perna só era o último da fileira. Ao lado do pelotão de chumbo se erguia um lindo castelo de papelão, um bosque de árvores verdinhas e, em frente, havia um pequeno lago feito de um pedaço de espelho. A maior beleza, porém, era uma jovem que estava em pé na porta do castelo. Ela também era de papel, mas vestia uma saia de tule bem franzida e uma blusa bem justa. Seu lindo rostinho era emoldurado por longos cabelos negros, presos por uma tiara enfeitada com uma pequenina pedra azul. A atraente jovem era uma bailarina, por isso mantinha os braços erguidos em arco sobre a cabeça. Com uma das pernas dobrada para trás, tão dobrada, mas tão dobrada, que acabava escondida pela saia de tule. O soldadinho a olhou longamente e logo se apaixonou, e pensando que, tal como ele, aquela jovem tão linda tivesse uma perna só. “Mas é claro que ela não vai me querer para marido”, pensou entristecido o soldadinho, suspirando. “Tão elegante, tão bonita… Deve ser uma princesa. E eu? Nem cabo sou, vivo numa caixa de papelão, junto com meus vinte e quatro irmãos”. À noite, antes de deitar, o menino guardou os soldadinhos na caixa, mas não percebeu que aquele de uma perna só caíra atrás de uma grande cigarreira. Quando os ponteiros do relógio marcaram meia-noite, todos os brinquedos se animaram e começaram a aprontar mil e uma. Uma enorme bagunça! As bonecas organizaram um baile, enquanto o giz da lousa desenhava bonequinhos nas paredes. Os soldadinhos de chumbo, fechados na caixa, golpeavam a tampa para sair e participar da festa, mas continuavam prisioneiros. Mas o soldadinho de uma perna só e a bailarina não saíram do lugar em que haviam sido colocados.
Ele não conseguia parar de olhar aquela maravilhosa criatura. Queria ao menos tentar conhecê-la, para ficarem amigos. De repente, se ergueu da cigarreira um homenzinho muito mal-encarado. Era um gênio ruim, que só vivia pensando em maldades. Assim que ele apareceu, todos os brinquedos pararam amedrontados, pois já sabiam de quem se tratava. O geniozinho olhou a sua volta e viu o soldadinho, deitado atrás da cigarreira. — Ei, você aí, por que não está na caixa, com seus irmãos? — gritou o monstrinho. Fingindo não escutar, o soldadinho continuou imóvel, sem desviar os olhos da bailarina. — Amanhã vou dar um jeito em você, você vai ver! - gritou o geniozinho enfezado. Depois disso, pulou de cabeça na cigarreira, levantando uma nuvem que fez todos espirrarem. Na manhã seguinte, o menino tirou os soldadinhos de chumbo da caixa, recolheu aquele de uma perna só, que estava caído atrás da cigarreira, e os arrumou perto da janela. O soldadinho de uma perna só, como de costume, era o último da fila. De repente, a janela se abriu, batendo fortemente as venezianas. Teria sido o vento, ou o geniozinho maldoso? E o pobre soldadinho caiu de cabeça na rua. O menino viu quando o brinquedo caiu pela janela e foi correndo procurá-lo na rua. Mas não o encontrou. Logo se consolou: afinal, tinha ainda os outros soldadinhos, e todos com duas pernas. Para piorar a situação, caiu um verdadeiro temporal. Quando a tempestade foi cessando, e o céu limpou um pouco, chegaram dois moleques. Eles se divertiam, pisando com os pés descalços nas poças de água. Um deles viu o soldadinho de chumbo e exclamou: — Olhe! Um soldadinho! Será que alguém jogou fora porque ele está quebrado? — É, está um pouco amassado. Deve ter vindo com a enxurrada. — Não, ele está só um pouco sujo. — O que nós vamos fazer com um soldadinho só? Precisaríamos pelo menos meia dúzia, para organizar uma batalha. — Sabe de uma coisa? — Disse o primeiro garoto. —Vamos colocá-lo num barco e mandá-lo dar a volta ao mundo. E assim foi. Construíram um barquinho com uma folha de jornal, colocaram o soldadinho dentro dele e soltaram o barco para navegar na água que corria pela sarjeta. Apoiado em sua única perna, com o fuzil ao ombro, o soldadinho de chumbo procurava manter o equilíbrio. O barquinho dava saltos e esbarrões na água lamacenta, acompanhado pelos olhares dos dois moleques que, entusiasmados com a nova brincadeira, corriam pela calçada ao lado. Lá pelas tantas, o barquinho foi jogado para dentro de um bueiro e continuou seu caminho, agora subterrâneo, em uma imensa escuridão. Com o coração batendo fortemente, o soldadinho voltava todos seus pensamentos para a bailarina, que talvez nunca mais pudesse ver. De repente, viu chegar em sua direção um enorme rato de esgoto, olhos fosforescente e um horrível rabo fino e comprido, que foi logo perguntando: — Você tem autorização para navegar? Então? Ande, mostre-a logo, sem discutir. O soldadinho não respondeu, e o barquinho continuou seu incerto caminho, arrastado pela correnteza. Os gritos do rato do esgoto exigindo a autorização foram ficando cada vez mais distantes. Enfim, o soldadinho viu ao longe uma luz, e respirou aliviado; aquela viagem no escuro não o agradava nem um pouco. Mal sabia ele que, infelizmente, seus problemas não haviam acabado. A água do esgoto chegara a um rio, com um grande salto; rapidamente, as águas agitadas viraram o frágil barquinho de papel. O barquinho virou, e o soldadinho de chumbo afundou. Mal tinha chegado ao fundo, apareceu um enorme peixe que, abrindo a boca, engoliu-o. O soldadinho se viu novamente numa imensa escuridão, espremido no estômago do peixe. E não deixava de pensar em sua amada: “O que estará fazendo agora sua linda bailarina? Será que ainda se lembra de mim?”. E, se não fosse tão destemido, teria chorado lágrimas de chumbo, pois seu coração sofria de paixão. Passou-se muito tempo — quem poderia dizer quanto? E, de repente, a escuridão desapareceu e ele ouviu quando falavam: — Olhe! O soldadinho de chumbo que caiu da janela! Sabem o que aconteceu? O peixe havia sido fisgado por um pescador, levado ao mercado e vendido a uma cozinheira. E, por cúmulo da coincidência, não era qualquer cozinheira, mas sim a que trabalhava na casa do menino que ganhara o soldadinho no aniversário. Ao limpar o peixe, a cozinheira encontrara dentro dele o soldadinho, do qual se lembrava muito bem, por causa daquela única perna. Levou-o para o garotinho, que fez a maior festa ao revê-lo. Lavou-o com água e sabão, para tirar o fedor de peixe, e endireitou a ponta do fuzil, que amassara um pouco durante aquela aventura. Limpinho e lustroso, o soldadinho foi colocado sobre a mesma mesa em que estava antes de voar pela janela. Nada estava mudado. O castelo de papel, o pequeno bosque de árvores muito verdes, o lago reluzente feito de espelho. E, na porta do castelo, lá estava ela, a bailarina: sobre uma perna só, com os braços erguidos acima da cabeça, mais bela do que nunca. O soldadinho olhou para a bailarina, ainda mais apaixonado, ela olhou para ele, mas não trocaram palavra alguma. Ele desejava conversar, mas não ousava. Sentia-se feliz apenas por estar novamente perto dela e poder amá-la. Se pudesse, ele contaria toda sua aventura; com certeza a linda bailarina iria apreciar sua coragem. Quem sabe, até se casaria com ele…Enquanto o soldadinho pensava em tudo isso, o garotinho brincava tranqüilo com o pião. De repente como foi, como não foi — é caso de se pensar se o geniozinho ruim da cigarreira não metera seu nariz —, o garotinho agarrou o soldadinho de chumbo e atirou-o na lareira, onde o fogo ardia intensamente. O pobre soldadinho viu a luz intensa e sentiu um forte calor. A única perna estava amolecendo e a ponta do fuzil envergava para o lado. As belas cores do uniforme, o vermelho escarlate da túnica e o azul da calça perdiam suas tonalidades. O soldadinho lançou um último olhar para a bailarina, que retribuiu com silêncio e tristeza. Ele sentiu então que seu coração de chumbo começava a derreter — não só pelo calor, mas principalmente pelo amor que ardia nele. Naquele momento, a porta escancarou-se com violência, e uma rajada de vento fez voar a bailarina de papel diretamente para a lareira, bem junto ao soldadinho. Bastou uma labareda e ela desapareceu. O soldadinho também se dissolveu completamente. No dia seguinte. a arrumadeira, ao limpar a lareira, encontrou no meio das cinzas um pequenino coração de chumbo: era tudo que restara do soldadinho, fiel até o último instante ao seu grande amor. Da pequena bailarina de papel só restou a minúscula pedra azul da tiara, que antes brilhava em seus longos cabelos negros.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

time...


to dando um tempo nos blogs. desculpem a ausencia. depois eu retorno. não se preocupem. quando eu me sentir melhor eu venho. logo escrevo d novo.

terça-feira, dezembro 16, 2008

As palmeiras

In the nights, when all sleep,
We trade ideas and fights.
You help me in deep
In many types…

domingo, dezembro 14, 2008

“Viver não dói”


Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

-carlos drummond de andrade, poeta
Quis colocar esse texto por ter me ajudado no atual momento. Queria compartilhar com o maximo de pessoas que conseguir.