domingo, novembro 30, 2008

Tia Maria




Esse desenho achei parecido com ela. Não fisicamente, mas o jeito. Precisei postar isso aqui gente. Obrigado a todos os que se fizeram presentes nesse momento difícil. Desculpem os erros, a prolixidade. Escrevi rápido e sem muita revisão.


Vendo tia Maria dentro de seu eterno pequeno cubículo (me recuso a falar “caixão”. Prefiro esses eufemismos, ainda que pareçam humor negro.), lembrei de sua atitudes perante as coisas. O que guardarei dela será o riso. A risada dela vai permear sempre as lembranças.

Nos seus 94 anos de idade, tinha mais vitalidade que eu às vezes. Estava com alguma dificuldade de audição e locomoção. Ninguem é perfeito né? Não era mais nenhuma maratonista, mas estava viva. E a vida dela me invejava… e muito…

E aquela foi uma tarde péssima. Chegando lá a vi, deitada, imóvel. Pela primeira vez não disse “oi meu filho, tudo bem”, com um ímpar arrastado na voz, caracteristico dela. Pela primeira vez não me lembrou de minha primeira namorada, se referindo a ela como “sua noivinha”. Ela estava de olhos fechados. Nada do que eu fizesse ia fazer ela me abençoar novamente, como todas as vezes também fazia. Ela havia morrido.

Foi uma tarde péssima. Encontrei primos há muito não vistos. Consolei lágrimas que nunca havia comtemplado. Não tive lágrimas, mas só o costumeiro aperto no peito… As risadas também ocorreram. Momentos em que o filho mais velho dela, Luiz, na altura de seus 60 anos (eu acho) nos contava anedotas de cunho sexual, envolvendo seus irmãos. Passou tudo? Ledo engano. Pouco após sai o féretro da casa e vai para a igreja.

Foi uma caminhada péssima. Levando uma coroa de flores na frente de todos. Após cantos e orações, com a recomendação do corpo feita pelo padre, saímos para despedir-nos.

Foi uma coisa péssima. Chegamos no cemitério. Desce o ataúde. Batemos palma. Jogamos terra. Acabou. Acabou? Sim, acabou…

E o que ficou? A risada, como disse. Existe lembrança mais gostosa de alguém que uma risada? Não gargalhada, mas um riso baixo, porém facial e cheio de emoção.

E o que mais ficou em mim, da minha vida? Da existência dela ficou o riso. Mas e da minha? A certeza que a vida nem sentido precisa ter para ser vivida, mas apenas precisa disso mesmo, de riso. Levamos a vida a sério demais, e ela nunca vai nos levar a sério.

Por isso que reafirmo o que acreditava antes. Dou risada quando não pode, sento no chão mesmo tendo cadeira vazia, brinco com meus primos pequenos mesmo estando atrasado pro trabalho, dou tudo de mim, sem nada receber em troca.

No final das contas, percebo que tia Maria não só me abraçou, abençoou, abriu os olhos e me chamou de filho, mas também me deu a lição da minha vida nesta tarde. Ela me ensinou que devo viver. Ué, só isso? Sim, apenas isso… A tarde péssima se tornou sala de aula.

Ela com seus 94 anos me mostrou que com meus 19 tenho muito a fazer. E é melhor fazer bem, se quiser continuar verdadeiramente vivo. A “heroina”, como uma das filhas dela se referiu, pôde salvar-me, talvez não a vida, mas a existência.

Percebi que devo cada vez mais amar. Poque quem ama, quem ama de verdade, se torna eterno. Ela será sempre aquela velhinha simpática que gostava de conversar. Ainda está viva. Parece que ela nunca iria morrer. De fato não morreu. Ela estará sempre viva no amor que sinto por ela.

“Vai com os anjos, vai em paz…”


...tia Maria…


saudades…


Emmanuel Henrique Souza Rodrigues
30 de novembro de 2008

sábado, novembro 29, 2008

Ao anjo que acorda


à lucas nietzel, um exemplo de fênix. para este grande homem um poema, um soneto torto dos que eu faço. sem maestria, mas com sentimento.



Ao anjo que acorda

Dores invadiram a alma bela,
Então lhe doaram tudo aquilo…
Ele retorna para sua cela
Para depois voltar mais tranqüilo.

E este amigo a Deus apela
Para não poder dar nenhum cochilo
E assim ver o acordar daquela
Chama, ainda cheia de vacilo.

Prometeu: Nós nos veremos de novo!
E muito logo a luz clareou;
E nossa alegria deu um renovo.

O belo anjo a nós retornou:
E ele voltou, e ao sol se pôs…
É vencedor, hoje e sempre pois!!


Emmanuel Henrique Souza Rodrigues
30/11/2008

quarta-feira, novembro 26, 2008

Quase...



Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.


É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.


Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.


Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.


Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.


A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.


Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.


Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.


O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.


Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.


Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.


De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.


Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.


Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.



Luiz Fernando Veríssimo

segunda-feira, novembro 17, 2008

Amigos


Há amigos que se vêem e que se vão
Outros que se chegam e se que se ficam…

...mesmo sendo virtuais...
...quais são mesmo os reais??

Emmanuel Henrique
17/10/2008


Às vezes o estilo da poesia vai mudar. Apelarei agora para a arte. Fazer poesia concreta. Aprendi com o Paulo Leminski.
Esse post é para os amigos. Todos, em especial o Lukas. A comunidade tem posts que mostram o porque, não preciso dizer aqui. Aos que não participam da comunidade, só tenho a dizer que encontramos pessoas muito especiais em nossa existência, às vezes até ao acaso. Como pode alguém ser longe e ficar perto, ou ser perto e ir pra dentro sem poder? Só o coração explica...
Vejam o vídeo tá?? é do MPB-4. Só conheço essa música... ¬¬" Mas vale a pena por todas. Ainda que não gostem do estilo, vejam a letra, logo abaixo.


- Salve!
- Como é que vai?
- Amigo, há quanto tempo!
- Um ano ou mais...
- Posso sentar um pouco?
- Faça o favor
- A vida é um dilema
- Nem sempre vale a pena...
- Pô...
- O que é que há?
- Rosa acabou comigo
- Meu Deus, por quê?
- Nem Deus sabe o motivo
- Deus é bom
- Mas não foi bom pra mim
- Todo amor um dia chega ao fim
- Triste
- É sempre assim
- Eu desejava um trago
- Garçom, mais dois
- Não sei quando eu lhe pago
- Se vê depois
- Estou desempregado
- Você está mais velho
- É
- Vida ruim
- Você está bem disposto
- Também sofri
- Mas não se vê no rosto
- Pode ser...
- Você foi mais feliz
- Dei mais sorte com a Beatriz
- Pois é
- Vivo bem
- Pra frente é que se anda
- Você se lembra dela?
- Não
- Lhe apresentei
- Minha memória é fogo!
- E o l'argent?
- Defendo algum no jogo
- E amanhã?
- Que bom se eu morresse!
- Prá quê, rapaz?
- Talvez Rosa sofresse
- Vá atrás!
- Na morte a gente esquece
- Mas no amor agente fica em paz
- Adeus
- Toma mais um
- Já amolei bastante
- De jeito algum!
- Muito obrigado, amigo
- Não tem de quê
- Por você ter me ouvido
- Amigo é prá essas coisas
- Tá...
- Tome um cabral
- Sua amizade basta
- Pode faltar
- O apreço não tem preço, eu vivo ao Deus dará.
Há amigos que se vêem e que se vão
Outros que se chegam e se que se ficam…



...mesmo sendo virtuais...

...quais são mesmo os reais??



Emmanuel Henrique

17/10/2008


às vezes o estilo da poesia vai mudar. Apelarei agora para a arte. Fazer poesia concreta. Aprendi com o Leminski. A culpa é dos curitibanos (sem ofensa tá, lukas e lu??)kkkkkk


Esse post é para os amigos. Todos. A comunidade tem posts que mostram o porque, não preciso dizer aqui. Aos que não participam da comunidade, só tenho a dizer que são a todos os queridos, os amados. Como pode alguém ser loge e ficar perto? Só o coração explica...


Vejam o vídeo tá??


terça-feira, novembro 11, 2008

À querida conterrânea




À querida conterrânea


Em toda parte procurava ela:
bibliotecas, sebos, livrarias.
No campo e na colina mais bela
não estava, e nem nas pradarias.

Fiquei preocupado sem achar aquela,
com a qual eu conversaria dias.
Escancarando de minh’alma a cela
e deixando-a livre a alegrias.

Depois de buscá-la em todo canto,
quedando-me pesaroso então lembrei
do lugar onde não há mais pranto.

Corri e, ao vê-la, com a alma afagada
pude sorrir e cantei, aos céus bradei:
“A encontrei na terra de Pasárgada”


Emmanuel Henrique


É um poema "imitação de soneto" que dedico à minha querida conterrânea. rsrs. Tudo surgiu de nossas conversas pelo msn e de nossa paixão pela poesia. Pasárgada, o local onde não há dor, não há mais nada de ruim, segundo Manuel Bandeira em sua obra.
Surpreendemos um ao outro com nossas semelhanças.
Além do que, queria sempre te lembrar que: DE PASÁRGADA VIEMOS!!! =]

segunda-feira, novembro 10, 2008

Brincar de fênix...




Mudança geral né gente?? Implodi td! Foi mudado o blog, o orkut, nick do msn, album do orkut, enfim... TD MUDOU!! Vi tudo aquilo que eu estava me tornando. Meu olhos de repente se abriram e sofri a metamofose de outrora. Não vai haver céus sem tempestade, talvez um dia até volte à forma antiga... Tenho aprendido porém a viver o presente, e é assim no presente que eu estou: Estranhamente contente... As cicatrizes ainda estão aqui, algumas feridas ainda abertas... Mas td mudou. Apenas vejo de um outro modo. Agora o Senhor Ressuscitou, a Fenix ressurgiu... É hora de brincar de Fenix!!!

quarta-feira, novembro 05, 2008

Smile


A simple smile can mean more than you can see...

terça-feira, novembro 04, 2008

Visita


Visitou-me e ficou sua presença…
Seu cheiro, melhor que qualquer odor,
Ficou em minha roupa na ausência.
Deixando-me a alma qual canteiro em flor.

Ela me enfeitiçou como sempre fez.
Embora não me tenha deixado chance
De tentar fazê-la feliz outra vez:
Tirou de mim esse alcance…

Por um instante de tudo esqueci.
Dor, ferida, cortes e da tristeza!
Seus olhos belos outra vez eu vi
E olhei de seu sorriso a beleza.

Mas ela se foi, tal quais as férias de janeiro,
Sabendo, porém, eu, que deixara um não…

Mas na minha roupa ficou seu cheiro.
E sua lembrança em meio à solidão…


Emmanuel Henrique